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Parede, obra, oficina. O desenho de São Paulo
11.09.2014

2014
Dan Perjovschi

Tal como os personagens se reduzem a linhas esquemáticas, ideias aparentemente complexas encontram uma forma simplificada nos desenhos de Dan Perjovschi. Sem os floreados retóricos ou visuais que geralmente adornam as representações políticas e artísticas, seus cartuns desmascaram com humor a hipocrisia que perpassa todos os aspectos da interação humana – da geopolítica à vida cotidiana. Do mesmo modo que as notícias diárias, demandam ser postos em circulação em vez de ser preservados em cofres de museus. Embora Perjovschi se tenha tornado conhecido por suas enormes instalações efêmeras, seu trabalho também é apresentado ao vivo e distribuído por meio de livros de artista, de jornais gratuitos e da publicação romena Revista 22, para a qual ele contribui semanalmente desde 1991.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sua rejeição de formas tradicionais de arte está enraizada em sua experiência na academia romena de arte nos anos 1970 e 1980. Insatisfeito com as restrições da arte oficial, que, como o país, estava sob o rígido controle do regime de Nicolae Ceauşescu, Perjovschi adotou o desenho como meio de canalizar sua crítica à política e à sociedade. Grades de retratos esboçados insinuando o estado de vigilância começaram a povoar seu trabalho no fim dos anos 1980, culminando no mural de cinco mil desenhos a nanquim e aquarela Antropotheque [Antropoteca] (1992). A partir daí, ele abriu mão da cor e passou a desenhar diretamente em paredes, pisos e janelas de galerias. Usando imagens icônicas e poucas palavras, seus esboços dão uma forma visual ostensivamente transparente a tabus sociais e políticos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos últimos anos, a linguagem acessível e direta de Perjovschi tem rendido a ele convites para bienais e museus internacionais. Tal exposição o trouxe para perto de alguns dos processos que ele critica, como a ocidentalização que se seguiu à queda do comunismo, a exploração pelo sistema da arte de identidades exóticas e os estilos de vida calcados no turismo mundial. Perjovschi aborda essas contradições criticamente em seus desenhos, por exemplo, pelo contraste entre sua possibilidade de viajar pelo mundo e a mobilidade obstruída dos trabalhadores migrantes. Ao fazer isso, torna mais complexa a relação entre o artista crítico internacional que ele passou a encarnar e a ordem neoliberal que ele se empenha para exorcizar. – HV

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