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Trans-(religião/gênero)
03.11.2014
Simpósio discute a questão religiosa como fenômeno dinâmico e híbrido, que vai da regulação do comportamento sexual para a construção de novas narrativas e poderes econômicos.

O terceiro dos simpósios da #31Bienal, Trans-(religião/gênero) visa criar conhecimentos e compartilhar experiências em torno da questão religiosa considerada como um fenômeno dinâmico e híbrido (trans?), que vai da regulação do comportamento sexual para a construção de novas narrativas e poderes econômicos. Co-organizado com Carlos Gutierrez e com o Projeto Nova Jerusalém/Digital Art Lab, reúne acadêmicos, artistas, ativistas e representantes das religiões discutidas com o intuito de desdobrar a possibilidade de uma antropologia simétrica em um debate público. A primeira parte (sábado) analisa a religião e a sua participação nas múltiplas esferas da vida. A segunda (domingo) foca na questão das políticas de gênero, no surgimento de uma teologia queer e conta com a participação de lideranças LGBTs. O programa na sua íntegra é constantemente reformulado pelo COMO_clube. Do dia 3 de novembro até o dia 10, o COMO_clube organiza situações, media conversas, interfere e intervem no tempo e no espaço. Confira as atividades de COMO_clube no Calendário do site.

Trans-(religião/gênero)

8 de novembro, sábado
A religião como transfenômeno


12h-13h Religiões, laicidade e secularismo no Brasil, Paula Monteiro
As religiões sempre colocaram problemas políticos importantes para a constituição dos Estados modernos. A questão da laicidade e do secularismo foram fundamentais para definir os modelos políticos democráticos. Pretendemos descrever, em termos gerais, a configuração dessa problemática no Brasil contemporâneo e o modo como ela interpela o debate acadêmico brasileiro sobre a religião, levando-se em conta as especificidades de nossa construção histórico-social de laicidade e secularismo.

13h Almoço

15h-20h Projeto Nova Jerusalém
Introdução e mediação:
 Eyal Danon e Benjamin Seroussi
Esse projeto de pesquisa reúne artistas, antropólogos e curadores para pensar os novos movimentos religiosos, gerando conhecimento pela realização de obras, publicações e seminários. Duas obras realizadas no âmbito deste projeto estão apresentadas na 31ª Bienal: Contando as estrelas de Nurit Sharett e Inferno de Yael Bartana. Dois outros projetos são discutidos no Programa no Tempo, neste mesmo simpósio: um projeto de Efrat Shvily e um outro de Dias & Riedweg.

15h15-16h Engenharia de poder, governamentalidade e controvérsias envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus, Carlos Gutierrez
A análise parte de uma complexa “engenharia de poder” da Universal – que mistura mídia, política, assistência e cultura –, preocupa-se com a “governamentalidade”, isto é, com o governo de pessoas, por meio do poder pastoral – conceito foucaultiano para denominar o governo do cotidiano, através de uma razão pedagógica, ou seja, de uma pedagogia do ego. Apesar dessa preocupação com a formação implicar diversas esferas da vida dos membros, podemos ressaltar duas: a política e a profissional. Há um esforço na tentativa de formação de corpos dóceis, aptos à ação política, bem como na produção de empreendedores, por meio de uma série de tecnologias para construção de cidadãos prósperos, educados e aptos à participação na vida política, assim como no mercado.

16h30-18h Criando a experiência Jerusalém, proposta de Efrat Shvili com Joerg Bader e Alona Nitzan-Shiftan
O painel gira em torno de um passeio fotográfico realizado por Efrat Shvily em certos sítios que foram construídos de maneira a criar experiências de uma Jerusalém histórica em graus variados de intervenção e manipulação. O passeio parte simultaneamente das cercas em volta da cidade de Davi em Jerusalém e as que circundam o sítio de construção do Terceiro Templo de Salomão em São Paulo. Shvily nos leva pelos canais de drenagem sob o Monte do Templo, em Jerusalém, os festivais de cavaleiros e luzes, o mercado espiritual do Templo de Salomão de São Paulo, e a oficina do Instituto do Templo – construindo os recipientes para o Terceiro Templo em Jerusalém –, até chegar ao Santo dos Santos (a réplica, o reconstruído, o verdadeiro e o falso). Ao longo dessa excursão fotográfica Nitzan-Shiftan e Joerg Bader abordarão respectivamente o uso político de sítios arquéológicos e a maneira como a foto documental borra a fronteira entre o modelo e o falso.

18h30-20h Terra nenhuma é santa, nem humana, Dias & Riedweg com Peter Pál Pelbart
Exibição de um vídeo de 30 minutos com extratos da obra Corpo Santo (2012), de Dias & Riedweg em colaboração com pacientes e médicos do IPUB - Instituto de Psiquiatria da UFRJ, seguida de uma mesa dos artistas com o filósofo Peter Pál Pelbart. A conversa partirá dos extratos do vídeo para enunciar um novo projeto de Dias e Riedweg em fase de preparação – Cidades de Deus – em torno da chamada “síndrome de Jerusalém”, um fenômeno mental caracterizado por obsessões religiosas frequentemente desencadeadas em visitas de turistas e peregrinos de diversas partes do mundo aos locais ditos sagrados da cidade histórica de Jerusalém. Em ambos os projetos apresentados, a linha tênue que separa a fé da loucura aparece como diferencial para novas demarcações de territórios psicológicos e políticos. Jerusalém não é mais vista como um lugar no mapa mas como uma construção da mente.

20h FERVO_Falso ritual, COMO_clube
O que é o FERVO? Segundo o próprio COMO_clube "FERVO é um ambiente performativo, uma trans–coreografia baseada em falsas realidades, falsos rituais e terapias. FERVO evoca a percepção do devir e convoca o corpo para um estado vibrátil. FERVO é uma situação tropicaliente.

9 de novembro, domingo
(Trans)gênero, uma política do corpo

11h-17h Auê_atendimento falso esotérico, COMO_clube

12h-13h Política de gênero e narrativas de (trans)formação
12h-12h30 Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica, Peter Pál Pelbart
Beatriz Preciado é uma das mais originais pensadoras da atualidade em torno da questão de gênero, pós-feminismo e teoria queer. Ao alargar sua análise em direção ao funcionamento da sociedade contemporânea em seu conjunto, ela pergunta: “Mas se fossem na realidade os corpos insaciáveis da multidão, seus paus e seus clitoris, seus anus, seus hormônios, suas sinapses neurossexuais, se o desejo, a excitação, a sexualidade, a sedução e o prazer da multidão fossem os motores de criação de valor na economia contemporânea, se a cooperação fosse uma “cooperação masturbatória” e não simplesmente uma cooperação de cérebros?”

• Pré-lançamento de Manifesto Contrassexual – Práticas subversivas de identidade sexual, de Beatriz Preciado
Primeiro livro da filósofa espanhola é uma pequena dinamite, cuja tradução brasileira sai no início de dezembro pela n-1 edições. Com capa desenhada por Laerte Coutinho e ilustrações da própria autora, é uma das obras mais instigantes da teoria queer. Para comemorar, a n-1 edições preparou um pré-lançamento com distribuição gratuita dos Princípios da sociedade contrassexual. Na ocasião, todos poderão assinar o contrato contrassexual e garantir 40% de desconto na aquisição da obra.

12h30-13h Teologia queer, igrejas inclusivas e ministérios de conversão de travestis, Eduardo Meinberg Maranhão
As pessoas trans* estão trans-çadas em redes de tensões e negociações que envolvem diferentes esferas da transgeneridade e transreligiosidade (ou gêneros e religiosidades em trânsito). Dentre os muitos ambientes de trânsito religioso e de gênero de pessoas trans* e que sinalizam para teologias tradicionais e queer, encontramos igrejas (neo)pentecostais, coletivos de psiquiatras cristãos, terreiros de religiões afro-brasileiras, igrejas inclusivas LGBT e ministérios de conversão de travestis. Como tais pessoas transitam religiosa e generificadamente em tais ambientes? Podemos pensar numa teologia queer ou teologia trans* brasileira? Como se dão os processos de (de)transição? Qual a intenção de missões evangélicas em (re/des)converter gênero e religião?

13h30 Almoço

15h-17h Gênero em debate
, Marcia Rocha, ativista, co-criadora do Transemprego, Marcos Lord, pastor da ICM Betel (RJ) onde já realizou performance “drag queen”, Alexya Salvador, pastora transexual da ICM Manancial em Mairiporã, Pastor Robson Staines, pastor que se define como ex-homosexual.
Essa mesa-redonda junta ativistas LGBTs assim como pastores e diaconisas, promovendo políticas de gênero divergentes, para discutir seus pontos de vista.

17h30 TRANS_FERVO, COMO_clube
O que é o FERVO? Segundo o próprio COMO_clube "FERVO é um ambiente performativo, uma trans–coreografia baseada em falsas realidades, falsos rituais e terapias. FERVO evoca a percepção do devir e convoca o corpo para um estado vibrátil. FERVO é uma situação tropicaliente.

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| imagem: ©Gustavo Saulle / COMO_clube
| O COMO_clube é composto por:
- transcoreógrafa e COMO_clubber: Thelma Bonavita
- transgestores e COMO_clubbers: Allyson Amaral, Ana Dupas, Caio, Eidglas Xavier, Gabi Vanzetta e Mavi Veloso.
- COMO_clube colaboradores e convidados: Amilcar Packer, Karlla Girotto, Ad Ferrera, Emilija Skarnulte (Lituânia), Gustavo Saulle, Gustavo Silvestre, Henrik Sørlid (Noruega), Maryah Monteiro, Marsil Andjelov Al-Mahamid (Sérvia), Matti Aiko (Noruega), Nicolas Siepen (Alemanha), Tanya Busse (Canadá) e Valentina Desideri (Itália/França).

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